Novo caso envolve provável chamada de áudio falsa sobre fraude nas eleições no Curdistão iraquiano

Hoje, o Comitê anunciou um novo caso a ser levado em consideração. Como parte disso tudo, estamos convidando pessoas e organizações a enviarem comentários públicos usando o botão abaixo.

Seleção de casos

Como não podemos ouvir todas as apelações, o Comitê coloca como prioridade casos que possam afetar muitos usuários no mundo todo, que sejam de importância fundamental para o discurso público ou que levantem questões importantes sobre as políticas da Meta.

Hoje, o caso que estamos anunciando é:

Suposta chamada de áudio para fraudar eleições no Curdistão iraquiano

2025-019-FB-UA

Apelação de usuário para remoção de conteúdo

Envie um comentário público usando o botão abaixo

.بۆ خوێندنەوەی ئەم بەیانە بە شێوەزاری کوردی سۆرانی، تکایە لێرە کرتە بکە

Para ler este anúncio em curdo Sorani, clique aqui.

Mais de uma semana antes das eleições parlamentares no Curdistão iraquiano, em 20 de outubro de 2024, um importante portal de notícias local publicou um áudio em sua página no Facebook. Com cerca de 2 minutos de duração, o arquivo parece ser uma conversa telefônica entre duas pessoas. No fundo, aparecem imagens de Bafel Talabani, presidente da União Patriótica do Curdistão (PUK), e seu irmão Qubad Talabani, vice-primeiro-ministro do Governo Regional do Curdistão e também membro do PUK. A legenda que acompanha o post sugere que o clipe é uma “conversa gravada” entre os irmãos, na qual falam sobre “fraudar as eleições” e seus “planos sinistros” para a região do Curdistão. Segundo a reportagem, o portal responsável pela publicação é afiliado ao Partido Democrático do Curdistão (KDP), o outro grande partido político da região. No Curdistão iraquiano, são poucas as fontes de notícias politicamente independentes, já que a maioria dos meios de comunicação está intimamente ligada a partidos políticos.

O áudio contém uma narração em inglês (o que é audível, já que o áudio original não é em inglês), com legendas tanto em curdo quanto em inglês. Durante uma conversa sobre as próximas eleições, um dos homens afirma que já garantiram um “mínimo de 30 licenças”, o que significa que não dependem dos votos de ninguém. Ele também menciona a intenção de “se livrar” das “11 licenças” que o KDP, supostamente, “sempre usou em seu benefício”, acrescentando que darão ao KDP “um gostinho do próprio remédio”. O outro homem concorda, mas ressalta a necessidade de demonstrar que essas licenças foram conquistadas de maneira legítima, já que o outro partido sabe que está recebendo apoio de Bagdá e de seu “vizinho”, embora não consiga provar isso. A conta do portal de notícias em que o conteúdo foi publicado tem cerca de 4.000.000 de seguidores.

Um usuário denunciou a publicação com base no Padrão da Comunidade sobre Desinformação da Meta, mas a empresa decidiu manter o conteúdo no Facebook. A Meta informou ao Comitê que havia adicionado um rótulo indicando que o conteúdo poderia ter sido criado ou alterado digitalmente para parecer real, algo aplicável a outras publicações semelhantes e virais, incluindo o clipe de áudio original. Isso está de acordo com a abordagem da empresa para rotular mídias manipuladas. Após uma avaliação realizada por uma agência de mídia fora do Curdistão, a Meta concluiu que o áudio provavelmente foi criado ou modificado digitalmente, com base na natureza artificial da conversa e na ausência de pausas típicas de uma fala natural. A Meta também consultou um Parceiro de Confiança, que identificou fortes indícios técnicos e contextuais indicando que o áudio foi provavelmente criado digitalmente. Além disso, a Meta esclareceu que não adicionou o rótulo em todas as publicações contendo o trecho de áudio para evitar o risco de falsos positivos (ou seja, rotular equivocadamente conteúdo que desmascararia o áudio). Isso provavelmente explica por que a publicação em questão foi mantida sem o rótulo. A Meta informou também ao Comitê que uma tradução do rótulo não estava disponível em curdo.

O usuário que denunciou a publicação recorreu da decisão da Meta de manter o conteúdo no Facebook. Quando a tentativa de apelação não teve sucesso, o usuário recorreu ao Comitê, argumentando que o áudio havia sido gerado por IA, compartilhado durante uma campanha eleitoral “sensível” e estava sendo utilizado para “prejudicar a reputação de um partido”. O meio de comunicação responsável pela publicação também enviou uma declaração ao Comitê, explicando que o áudio foi compartilhado como parte de sua cobertura jornalística, “sem oferecer nenhuma opinião ou comentário sobre o conteúdo em si”, e sim “simplesmente como um item de notícias local”. A empresa afirmou que o áudio havia sido divulgado por um partido político e que seu objetivo era publicar notícias “precisas”.

O Comitê decidiu selecionar esse caso para abordar a questão da moderação de informações potencialmente falsas e mídia provavelmente manipulada, especialmente no contexto das eleições. Este caso oferece uma oportunidade para avaliar a abordagem da Meta em relação a publicações que podem conter alegações falsas, especialmente quando o conteúdo pode ter sido criado ou alterado digitalmente. Esse caso se enquadra na prioridade estratégica de Eleições e Espaço Cívico do Comitê.

O Comitê gostaria de comentários públicos que abordassem:

  • O contexto sociopolítico no Curdistão iraquiano, especialmente em relação às eleições de outubro de 2024, e o papel da desinformação, propaganda e mídia manipulada nesse cenário.
  • A relação das instituições de mídia no Curdistão iraquiano com políticos e partidos políticos.
  • O impacto de conteúdos manipulados e enganosos no Iraque, especialmente no que diz respeito ao acesso à informação e à participação na vida pública de maneira mais ampla.
  • Os riscos de uma aplicação excessiva de medidas contra conteúdos manipulados, e os potenciais impactos negativos nos direitos de liberdade de expressão de falantes e ouvintes.
  • A pesquisa sobre as abordagens mais eficazes para lidar com os danos causados pela manipulação da mídia, especialmente no contexto das eleições.

Como parte de suas decisões, o Comitê pode emitir recomendações de políticas para a Meta. Enquanto as recomendações não forem obrigatórias, a Meta deverá respondê-las em 60 dias. Como tal, o Comitê está aberto a comentários públicos que proponham recomendações que sejam relevantes para o caso mencionado.

Comentários públicos

Se você ou sua organização acharem que podem contribuir com pontos de vista pertinentes que possam auxiliar na tomada de decisão em relação aos casos mencionados hoje, use o botão abaixo para enviar a sua contribuição. Lembre-se de que comentários públicos podem ser fornecidos de maneira anônima. O envio de comentários públicos ficará disponível por 14 dias, encerrando às 23h59, horário padrão do Pacífico (PST), na quinta-feira, 13 de março.

Próximos passos

Nas próximas semanas, os Membros do Comitê vão deliberar sobre esse caso. Assim que chegarem a uma decisão, faremos a publicação na página Decisões.

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